segunda-feira, 27 de março de 2017

Traição Capitulo 11

Joseph desligou o telefone com uma carranca e se inclinou para trás na cadeira de couro.
Tinha de retornar a Nova York. Nick lhe telefonara com aquela notícia minutos atrás, e
Joseph a recebeu com um incômodo que lhe era incomum. Pior, tivera de informar Nick e Kevin que outro projeto deles havia sido roubado.
Os dois se mostraram furiosos com Demi, o que era compreensível. Como reagiriam quando soubessem que ele estava resolvido a se casar com ela o mais rápido possível?
Joseph se encontrava dividido entre o desejo que Demi o acompanhasse e a vontade de mantê-la protegida naquela ilha. Distante de qualquer chance de ela recuperar a memória.
Alheia às críticas e à animosidade dos irmãos.
O prenúncio de uma dor de cabeça o atormentava enquanto considerava o egoísmo daquele pensamento. Porém, sabia que quando Demi recuperasse a memória, fato que os médicos o asseguraram de que aconteceria, tudo mudaria entre os dois.
Ainda deveria estar furioso com Demi e se esforçando para manter a distância entre os dois, mas ela lhe minara a resistência durante aquele tempo que passaram na ilha. Por mais que aquilo o envergonhasse, não importava mais se Demi mentira e roubara a empresa.
Queria que tudo permanecesse como estava, e, se ela recobrasse a memória, seriam forçados a encarar os fatos do passado.
E provavelmente a perderia.
Aquilo o incomodava mais do que deveria. Demi estava esperando um filho seu, disse a si mesmo, e aquela devia ser razão suficiente para não desejar que as coisas azedassem entre os dois.
O tempo que passara ali com Demi o remetera aos momentos que desfrutavam, juntos, antes da noite em que descobrira sua traição. Naquela época tinha como certa a presença de
Demi em sua vida e por isso não parava para avaliar a importância dela, mas agora sabia o quanto gostaria de encontrá-la em casa quando retornasse de um dia de trabalho.
Demi era divertida e descontraída. Terna e amorosa. Todas as características que desejara para a mãe de seus filhos.
Entretanto ela o traíra. E tudo sempre voltava a esse ponto, não importava o quanto quisesse esquecer.
– Joseph?
O chamado suave o fez erguer o olhar para se deparar com Demi parada à porta, com a mão sobre o batente, enquanto espiava lá dentro. No mesmo instante, ele varreu os pensamentos sombrios da mente, esperando aparentar menos macambúzio do que se sentia. O clima entre eles ficara tenso e pesado desde a visita de Taylor à ilha. Algo que ele lamentava, mas que nada podia fazer para remediar quando ainda tinha dúvidas e inseguranças em relação a Demi.
– O que é, pedhaki mou?
– Você está bem? – Ela deixou a mão pender e entrou no escritório com passos hesitantes.
Joseph concluiu que não soubera disfarçar e expressão desgostosa.
– Venha cá. – Estendeu a mão e a puxou para sentá-la no colo. – Tenho de retornar a Nova York.
Uma sombra escureceu o semblante de Demi.
– Quando?
– Pela manhã. Meu irmão telefonou com a notícia de que uma pessoa influente que estamos cortejando para o projeto de um novo hotel estará em uma recepção oferecida em nosso hotel de Nova York. Nick e Kevin pensaram em resolver o assunto, mas o homem quer se reunir com os três. É algo que não posso faltar.
Demi parecia desapontada e, apesar da insatisfação de vê-la de volta a Nova York que ainda persistia em sua mente, descobriu-se dizendo:
– Poderia me acompanhar.
O olhar de Demi se iluminou.
– Não seria um estorvo?
Joseph franziu a testa.
– Você nunca é um estorvo, agape mou. Acho que será bom. Poderíamos anunciar nossos planos de casamento. Meus irmãos vão querer conhecê-la – disse ele, mais animado. –Poderíamos até mesmo nos casar em Nova York com minha família presente e depois retornar para cá. – Na mente de Joseph quanto mais cedo se casassem, melhor. – Providenciarei para que o Dr. Karounis retorne a Atenas. Acho que não precisamos mais dele.
O sorriso de Demi se alargou.
– E Patrice? Não que eu não goste dela, mas me parece que Patrice e o Dr. Karounis parecem estar se dando muito bem. Talvez ela queira fazer uma viagem até Atenas.
– Estenderei o convite a ela. – Joseph concordou com um sorriso.
– Então, sim, adoraria ir. – Demi envolveu o pescoço largo com os braços e se apossou dos lábios sensuais com um beijo ousado. Porém, antes que Joseph pudesse aprofundar o beijo, ela se ergueu. – Tenho de fazer a mala!
Joseph soltou uma risada baixa e lhe segurou a mão.
– Tem muito tempo para isso.
Ainda assim, saiu apressada, e Joseph se deteve a observá-la, muito tempo depois de ela desparecer pela porta. Devia estar se sentindo aliviado pelo fato de que, em breve, estariam casados, e Demi estaria unida a ele, mas não conseguia se livrar da sensação incômoda que o assombrava.
O jato de Joseph tocou o solo de Nova York no fim da tarde e uma limusine os aguardava esperando quando saíram do avião. Um homem alto, de aparência estonteante, parado ao lado do carro e, à medida que se aproximaram, Demi percebeu a semelhança entre ele e Joseph.
– Kevin. – Joseph chamou. – Não esperava encontrá-lo aqui. Que surpresa!
Kevin exibiu um meio sorriso.
– Não posso recepcionar meu irmão?
Joseph envolveu a cintura de Demi com um dos braços e a impulsionou para a frente.
– Kevin, esta é Demi. Demi este é meu irmão mais novo, Kevin.
– Prazer em conhecê-lo – disse ela com um sorriso nos lábios.
O olhar do homem pousou impassível sobre ela, mas ele não lhe retribuiu o sorriso.
Lentamente a expressão de Demi se fechou ao perceber o olhar nada amistoso de Kevin e, em um gesto instintivo, se encolheu contra Joseph.
Em seguida, o irmão baixou o olhar ao anel de noivado que ela ostentava no dedo e franziu a testa. Voltou a encarar Joseph com a mandíbula contraída.
– Seja cortês – disse Joseph em um tom de voz muito baixo, embora ela conseguisse captar a aspereza que permeava aquelas palavras.
– Prazer em conhecê-la – Kevin retrucou em um tom tenso, embora sua linguagem corporal dissesse o contrário. Em seguida, girou nos calcanhares e caminhou na direção de outro carro que se encontrava estacionado a uma curta distância.
Demi ergueu o olhar para Joseph atordoada.
– O que significou aquilo?
– Não foi nada, pedhaki mou. Desculpe se meu irmão foi rude. Não voltará a acontecer.
– Mas por que ele foi rude? – O comportamento de Kevin a deixara perplexa. E então, outro pensamento lhe ocorreu. – Nós já nos conhecíamos? Provavelmente, sim, ele é seu irmão. Fiz alguma coisa que o ofendeu no passado? Ele sempre antipatizou comigo?
Joseph se apressou em acomodá-la no carro e se sentar ao lado dela.
– Vocês não se conheciam. Não tem de se preocupar se fez algo errado. Esse é o jeito de
Kevin. – Joseph soava ansioso e ela estreitou o olhar diante do que considerou uma mentira.
Quando o celular de Joseph tocou, ele se precipitou em atender. Demi comprimiu os lábios e refletiu em silêncio. Algo estava errado. Por que Kevin demonstraria aversão instantânea a ela? E por falar nele, por que nunca o vira antes? Não seria normal ter conhecido a família do homem com quem iria se casar, o pai de seu filho?
Demi se inclinou para trás no banco e deixou escapar um suspiro frustrado. Enquanto estivesse em Nova York pretendia buscar respostas e talvez tentar deslocar o bloco de cimento que parecia lhe tapar a mente. Deveria haver uma forma de libertar sua memória. E se houvesse, ela a encontraria. De preferência, antes de se casar.
Contudo, ainda havia surpresas desagradáveis a aguardando quando chegaram à cobertura.
Demi quase rosnou de frustração quando as portas do elevador se abriram e avistou Taylor.
Estaria fadada a encontrar aquela mulher em sua casa a todo o momento?
A assistente de Joseph exibiu um sorriso caloroso de boas-vindas, e Demi  não pôde deixar de notar que se destinava apenas ao patrão. Ela permaneceu ao lado de Joseph enquanto Taylor relatava a programação das reuniões, os telefonemas que precisava retornar e os contratos que necessitavam de sua atenção. Não recuaria entregando a vitória àquela mulher, implícita ou não.
Taylor falava em tom de voz baixo e sensual, tocando o braço do patrão com frequência.
Soltou uma risada rouca diante de algo que ele lhe disse, durante todo o tempo ignorando a presença de Demi. Tinha de admitir que aquela mulher era ousada. Se não estivesse grávida, teria considerado seriamente a possibilidade de arrastá-la para fora da cobertura pela orelha.
Uma cena divertida em nível de fantasia, mas Joseph ficaria horrorizado.
Demi suspirou mesmo enquanto a imagem da bela e penteada mulher sendo banida do apartamento a divertia consideravelmente.
Por fim, Taylor se preparou para partir, e os ombros de Demi relaxaram, aliviados.
Porém, quando as portas do elevador se abriram para ela entrar, outro homem, também bastante parecido com Joseph, também entrou.
Demi teve vontade de perguntar quantas pessoas tinham passe livre ao recesso do lar dos dois, mas mordeu o lábio.
– Ao que parece, nosso apartamento está parecendo uma porta giratória hoje – disse
Joseph, fazendo-a imaginar se ele havia lido sua mente.
Embora a desaprovação de Kevin tivesse sido algo mais sutil, não havia dúvidas sobre a opinião do outro irmão sobre ela. Ele escancarou uma carranca quando lhe foi apresentado como sendo Nick.
– Preciso falar com você se não se importa, Joseph – disse o belo homem com a mandíbula contraída.
– Não os incomodarei – retrucou Demi, virando e se dirigindo ao quarto, farta da recepção fria que recebera.
Mesmo enquanto fechava a porta, podia ouvir as vozes alteradas e o tom irritado de
Joseph. Hesitou por um instante, imaginando se devia escutar a conversa. Queria ouvir de fato o que estavam dizendo? Com um suspiro, Demi girou para observar o quarto que Joseph lhe designara depois que tivera alta do hospital. Sem saber o que fazer, retirou os calçados e se sentou na cama. A viagem não havia sido estafante, mas a ideia de se encolher debaixo das cobertas a atraía. A cabeça começava a latejar pela tensão e se conseguisse cochilar por algum tempo, talvez se sentisse melhor. E talvez, quando acordasse, não houvesse mais ninguém no apartamento.
Quando Demi despertou, se encontrava em outra cama. Pestanejou para dispersar a névoa provocada pelo sono e percebeu que estava no quarto de Joseph. Espreguiçou-se e ficou feliz por não sentir mais a pressão na cabeça.
Sentou-se e viu Joseph parado na outra extremidade do quarto, observando-a. Por alguma razão, Demi se sentiu insegura naquele momento.
– Devia estar mais cansada do que pensei – disse ela em tom de voz leve. – Não acordei quando você me transferiu para cá.
– Você dormirá no nosso quarto, na nossa cama.
Demi pestanejou várias vezes.
– Está bem. Apenas não pensei. Foi naquele quarto que fiquei antes.
Joseph fechou a distância que os separava e se sentou na cama ao lado dela.
– Seu lugar é aqui. Comigo.
Demi inclinou a cabeça para o lado. Tinha a nítida impressão de que ele não se referia apenas ao fato de ela ter se deitado em outro quarto. Era quase como se ele a estivesse convencendo, e aos outros, de que seu lugar era ao lado dele.
– Seus irmãos não me aprovam – disse ela em tom de voz baixo.
A expressão de Joseph se tornou pétrea.
– Meus irmãos não têm de opinar em nosso relacionamento. Anunciarei nosso casamento na recepção daqui a duas noites, e nos casaremos dentro de uma semana.
E estava dito, pensou ela. A lei instituída por Joseph Jonas.
Inclinando-se, ele a beijou.
– Por que não se veste? Vamos sair para um belo jantar.
– Lagosta? – perguntou esperançosa, e só então se deu conta do que dissera. – Os olhos azuis se arregalaram pelo excitamento. – Lagosta! Eu me lembro de que lagosta é meu prato preferido.
Exibindo um sorriso tenso, ele a beijou outra vez.
– Exatamente, pedhaki mou. Costumava pedir para que entregassem a comida aqui e sentávamos nus na cama para comê-la.
Demi corou até a raiz dos cabelos, mas tinha de admitir que a imagem era tentadora.
Joseph a ajudou a se levantar e ela se encaminhou ao toalete para tomar um banho e trocar de roupa. Trinta minutos depois, ele a guiou ao elevador e para fora do prédio, na direção do carro que os aguardava. Joseph a levou a um restaurante elegante, e os dois se sentaram em um canto aconchegante, destacado do salão de jantar principal. A iluminação era frouxa e a fazia se lembrar do Natal. Uma doce nostalgia a envolveu enquanto se recordava do quanto amava aquele feriado.
Dentro de mais um mês, as decorações começariam a ser montadas e muitas lojas e restaurantes estariam brilhando com as luzes e azevinhos. Um sorriso sonhador lhe curvou os lábios enquanto imaginava passar o Natal ao lado de Joseph.
– Parece perdida em pensamentos, agape mou. Com esse doce sorriso estampado no rosto, espero que seja eu a ocupar seus pensamentos.
Demi ergueu a cabeça para descobrir aqueles olhos dourados a estudando. A pele cor de bronze acentuada pelas luzes das velas.
– Estava imaginando como será passar o Natal ao seu lado. Estava me lembrando do quanto eu gostava dessa época.
– Suas lembranças parecem estar voltando – disse ele, embora não houvesse nenhuma alegria em seu tom de voz.
Os lábios de Demi se curvaram em um sorriso tristonho.
– Não tão rápido. Apenas um lampejo aqui, outro ali. Parece mais intuição do que propriamente lembrança.
– Sua memória voltará. Tem de ser paciente.
Demi anuiu, mas podia sentir a frustração a dominando. Determinada a não estragar o resto da noite, forçou-se a relaxar e aproveitar a comida excelente e o fato de estar com
Joseph. Sem interferências dos membros da família ou da assistente.
– Gostaria de fazer compras amanhã? – perguntou ele.
Demi pestanejou, surpresa, diante da mudança brusca de assunto.
– Tenho uma reunião amanhã bem cedo, mas depois poderíamos almoçar juntos e comprar os itens de que necessitará para a recepção. Pode procurar um vestido de noiva também.
Demi não conseguia conjurar a imagem de Joseph fazendo compras e tinha certeza de que não encontraria nenhum momento como aquele mesmo que gozasse de plena memória. Ele simplesmente não era o tipo de homem de fazer compras.
– Tem certeza de que quer me levar com você?
Joseph ergueu uma das sobrancelhas.
– Como estou planejando anunciar nosso casamento, seria estranho que você não estivesse lá. A menos que não queira ir.
– Não se trata disso. Adoraria ir. Apenas não tinha certeza de que… – Demi deixou a frase morrer determinada a não se aprofundar no assunto.
– Então, está decidido. Vamos fazer compras amanhã, depois de alimentá-la adequadamente.
Demi exibiu um sorriso.
– Do jeito que fala, me faz parecer um bichinho de estimação.
Um sorriso lento e sexy curvou os lábios sensuais.
– Gosto da ideia de você ser meu bichinho de estimação. Meu exclusivo e mimado bichinho de estimação – disse ele com voz rouca.
Um calor varou o corpo de Demi como a descarga de uma corrente elétrica. Ela engoliu em seco e tomou um gole da água em uma tentativa de abrandar aquele formigamento quente.
E então, Joseph soltou uma risada e o som trouxe à vida cada terminação nervosa do corpo de Demi.
– Vejo que também gostou da ideia.
Corando, ela baixou a cabeça.
– Gosto da ideia de ser qualquer coisa sua – afirmou com sinceridade.
Joseph esticou o braço sobre a mesa e lhe segurou os dedos.
– Você é minha, agape mou. Pode ter certeza.
– Então, leve-me para casa e faça amor comigo – sussurrou ela.



algo me diz que essa paz logo acaba, 
(momento cuti)
olha eu sinceramente quero que chega o momento que ele vai se ferrar bonito a ponto de se odiar
só digo que irei chorar quando chegar esse momento, sempre choro quando leio pois é
bjemi

segunda-feira, 20 de março de 2017

Traição Capitulo 10

Demi se ajoelhou no chão frio do jardim e arrancou algumas ervas daninhas que circundavam as flores e a folhagem. Durante a rotina de trabalho matinal de Joseph , el aencontrara outras formas de ocupar seu tempo para o desânimo do jardineiro que voava até ali duas vezes por semana para cuidar dos jardins.
Desde aquele desabafo na praia, Joseph deixara de lhe impingir Patrice e o Dr.
Karounis a cada preocupação com sua saúde. Em vez disso, a enfermeira e o médico se mantinham nos bastidores para serem acionados se necessário e Joseph lhe permitira transitar pela escada sozinha.
Apesar do fato de continuar trabalhando durante as manhãs, ele aparecia para tomar café da manhã em sua companhia antes de retornar ao escritório. E então, começava o divertimento de
Demi. Todas as manhãs, encontrava uma forma de enlouquecê-lo. Quando Joseph  saía à sua procura, após a jornada de trabalho, invariavelmente Demi  punha à prova a promessa que ele fizera em se abster de exigir que descansasse.
Quando ele a encontrara no jardim, apoiada nas mãos e nos joelhos, Demi pensou que fosse vê-lo enfartar. No mesmo instante, Joseph erguera nos braços, a carregara para dentro de casa e pela escada, a despira e a colocara na banheira.
Demi  dera risadinhas da expressão feroz do noivo, escutara com pretensa seriedade o sermão sobre não se colocar em perigo daquela forma nunca mais e no mesmo instante tramara incorrer na mesma travessura, tão logo Joseph  se distraísse com o trabalho.
Aquilo dera início a um jogo engraçado entre eles, no qual o divertimento ficava exclusivamente por conta de Demi, porque ele não conseguia achar nenhuma graça em sua contínua desobediência.
E então, lá estava ela, esperando, extasiada, o momento em que ele a encontrasse.
Demi ouviu o suspiro exasperado atrás dela e sorriu, mesmo quando se viu erguida no ar.
Sua cabeça colidiu com a solidez do peito largo e um sorriso lhe curvou os lábios diante da expressão sombria de Joseph, que resmungava durante todo o trajeto até a casa.
– Prometi suavizar minhas tendências super protetoras. Parei de insistir para que descansasse e até permiti que você transitasse sozinha pela escada. – Demi  revirou os olhos.
– Mas você é capaz de desafiar a paciência de um santo.
Como fizera antes, e com o que ela estava contando, Joseph  a despiu e colocou-a em um banho de imersão. Ele lhe lançava olhares furiosos o que a fazia soltar risadinhas enquanto afundava na água. Demi  se banhava lentamente, e os olhos âmbar seguiam cada movimento com um desejo feroz.
Deleitando-se com o fato de deter toda a atenção de Joseph , valeu-se daquela vantagem para, lânguida, esfregar a esponja sobre cada centímetro de seu corpo.
Quando terminou, lançou um olhar inocente a Joseph, que a secava com uma toalha.
Demi  conjurou um de seus melhores sorrisos, mas aquilo não ajudou em nada a suavizar o brilho feroz daqueles olhos dourados.
– Sua graciosidade não a livrará de um sermão, pedhaki mou.
– Bem, ao menos sou graciosa – retrucou atrevida.
– Por que insiste em me provocar? Meus cabelos estão ficando grisalhos e a culpa é toda sua. Demi relanceou o olhar aos cabelos negros do noivo que não se encontravam maculados por um único fio branco e ergueu as sobrancelhas.
– Pobre querido. Está muito velho para lidar com uma mulher grávida?
– Eu lhe mostrarei o velho – rosnou ele enquanto a erguia da banheira.
Mal teve tempo de secá-la, antes de penetrar no quarto com passos duros e depositá-la na cama. Os olhos de Demi  se arregalaram, apreciativos, quando ele começou a se despir revelando o corpo musculoso.
– Certamente tenho de agir como uma menina levada com mais frequência – murmurou ela.
– Posso me acostumar facilmente com a punição.
– Sua feiticeira – disse ele ao se inclinar na direção dos braços que o aguardavam.
Joseph  sempre determinava a forma como faziam amor, e ela sabia que sempre fora daquele jeito, mas no momento foi invadida por um repentino desejo de virar a mesa.
Enlouquecê-lo da mesma forma como Joseph fazia com ela.
Demi  o empurrou, fazendo-o recuar e erguer o tronco com a testa franzida. Em seguida, também se ergueu e pousou as mãos nos ombros largos, forçando-o a se deitar de costas.
Quando montou sobre os quadris retos com um joelho de cada lado, observou a expressão chocada com que ele a encarava e um sorriso malicioso lhe curvou os lábios.
– Quero tocá-lo – disse com voz suave, espalmando as mãos sobre as coxas musculosas e as movendo lentamente para cima.
Os olhos âmbar faiscaram como labaredas de fogo.
– Então, fique à vontade e me toque, agape mou.
Incapaz de evitar uma pontada de nervosismo, Demi  lhe tocou a virilidade e o sentiu se contrair em resposta. Invadida pela ousadia, fechou os dedos em torno da ereção e o acariciou suavemente.
Um gemido escapou da garganta de Joseph  e ela percebeu gotículas de suor lhe brotarem na testa. Ele era um homem lindo. Forte, viril, exalando força por todos os músculos.
Inclinando o tronco, Demi  pressionou um beijo no abdômen definido, traçando um caminho eletrizante com os lábios até os mamilos planos. Uma fileira fina de pelos lhe escurecia alinha média do peito e ela escorregou os dedos naquele local, gostando da sensação da aspereza em sua pele.
Sabia o que desejava fazer, mas não tinha certeza de como conseguir. Joseph devia ter lhe pressentido a incerteza e a hesitação, porque esticou os braços e lhe envolveu as laterais dos quadris com as duas mãos.
Em seguida, suspendeu-a e tornou a baixá-la sobre o comprimento de sua ereção, escorregando para dentro dela.
– Você está me matando, pedhaki mou – confessou com voz gutural. – Deus! Isso é muito bom. Você é tão doce!
Encorajada com a satisfação e a aprovação na voz de Joseph , fez amor com ele, depositando beijos sobre o peito largo, enquanto as mãos longas guiavam os movimentos de seus quadris.
Demi sentiu o próprio corpo estremecer e percebeu que estava se aproximando do clímax, mas não sucumbiria até que ele também se rendesse ao êxtase. No instante seguinte, sentiu Joseph enrijecer sob seu corpo e as mãos fortes se contraírem nas laterais de seus quadris. Ele arqueou, penetrando-a ainda mais fundo, e, com um grito, Demi sentiu o mundo explodir ao seu redor. Pendeu para a frente, mas ele a segurou com todo cuidado. Em seguida, Joseph a deitou sobre o peito arfante e lhe acariciou os cabelos enquanto os dois lutavam para recuperar o fôlego.
Joseph girou para acomodá-la ao seu lado e desencaixar os corpos dos dois, suscitando outro gemido de Demi . No mesmo instante, ela se aninhou ao corpo forte, aquecida e saciada.
– Eu me saí bem? – perguntou as palavras abafadas pelo peito largo.
Joseph soltou uma risada que lhe sacudiu o corpo e virou o rosto para que ela pudesse vê-lo.
– Se tivesse sido melhor, teria feito de mim um velho antes do tempo.
– Mas você gostou? – questionou ela com voz suave. – Ou acha que me transformei em uma devassa agora?
Joseph lhe beliscou a ponta do nariz e depositou um beijo no mesmo ponto.
– Gostei muito. Tanto que estou considerando deixá-la brincar no jardim outra vez amanhã.
Demi revirou os olhos e bocejou sonolenta. Ele lhe traçou o contorno da maçã do rosto com um dos dedos.
– Durma agora. Eu a acordarei na hora do jantar.
– Não preciso cochilar – resmungou ela, embora quase adormecida.
Não desejando parecer totalmente previsível, Demi renunciou ao jardim no dia seguinte, optando pela piscina aquecida. Desde que chegara à ilha, vinha observando as águas azuis reluzentes com olhar cobiçoso. Graças às butiques ávidas por entregarem suas mercadorias na ilha, dispunha de um traje de banho simplesmente decadente que estava ansiosa por experimentar.
Enquanto colocava o diminuto biquíni, percebeu que, na essência, estava tentando seduzir Joseph. Não que já não tivesse conseguido isso, mas estava tentada a fazê-lo se apaixonar por ela.
Demi franziu a testa para a imagem que o espelho lhe devolvia. O certo não seria o contrário? Ele gozava de memória perfeita. Não deveria ser ele a tentar fazê-la se apaixonar?
Sabia que o amava, mas não dera voz àquele sentimento. Algo a detivera, e agora Demi ponderava o que a desestimulava a dar aquele salto.
Havia uma hesitação em Joseph que a incomodava, como se ele quisesse manter alguma distância entre os dois. Mas não era isso que ela desejava. Queria que ele a amasse com a mesma intensidade com que o amava.
Demi deixou escapar um suspiro. Se ao menos pudesse se lembrar!
Contorcendo o corpo diante do espelho, ajustou o biquíni até ficar satisfeita com o resultado. A parte superior lhe erguia os seios pequenos, emprestando-lhes uma aparência mais avolumada do que realmente tinham. A parte de baixo… Demi sorriu quando se virou para obter a visão traseira do traje de banho. Não era exatamente uma tanga, mas chamava atenção para as nádegas levemente arredondadas.
Aprumando as costas outra vez, Demi acariciou o abaulamento do abdômen. Joseph parecia gostar de sua gravidez. Tocava e beijava sua barriga com grande frequência e parecia encantado com o crescimento contínuo. Esperava que ele achasse o biquíni… e ela… sexy.
Percebendo que estava muito exposta, esticou a mão para o robe de seda e o vestiu. Não queria que ninguém mais a visse naquele escandaloso traje. Aquela visão era apenas para os olhos de Joseph.
Demi desceu a escada e cruzou a sala de estar sem ser vista. Caminhou até a pequena área que abrigava a parte interna da piscina e observou a água ondulante em expectativa.
Com ou sem Joseph, estava ansiosa por nadar.
Livrando-se do robe, atirou-o sobre um das espreguiçadeiras e caminhou até a margem para imergir a ponta de um dos pés. Estava divinamente aquecida. Se encaminhou aos degraus e desceu para a água.
Ah, aquela era uma sensação maravilhosa. Nadou na direção até a divisória de vidro quedava vista para a porção externa da piscina. Ficou tentada a mergulhar sob a divisória e nadar para o ar livre, mas a brisa fria a desestimulou.
Durante algum tempo, boiou preguiçosamente sobre a superfície e, em seguida, deu alguns mergulhos se mantendo de baixo da água pelo tempo que o fôlego permitiu. Veio à tona comum arquejo e se amparou na margem lateral da piscina. Foi então que se deparou com um par de mocassins de couro.
Demi ergueu o olhar para ver Joseph  a observando, com os braços cruzados sobre o peito e uma carranca zombeteira estampada no rosto. Até mesmo ela podia perceber que os lábios sensuais se contraíam de maneira suspeita.
Pestanejando com ar inocente, ela sorriu e o cumprimentou. Joseph se agachou e com aponta de um dedo lhe ergueu o queixo.
– Divertindo-se, pedhaki mou?
– Muito – respondeu ela.
– E pensar que estava ansioso por arrebatá-la de seu jardim hoje – murmurou ele.
Demi sentiu o rosto ferver ao se lembrar do que acontecera no dia anterior depois que
Joseph fizera exatamente aquilo. Em seguida, estendeu a mão.
– Pode me ajudar a sair?
Joseph lhe segurou a mão ao mesmo tempo em que ela fechou os dedos da outra sobre o pulso largo, plantou os pés na lateral da piscina e o puxou com toda a força que possuía. Comum grito de surpresa, ele pendeu para a frente e caiu, espirrando água para todos os lados.
Joseph voltou à superfície se debatendo e, por um instante ela pensou que estivesse de fato furioso. Ele a encarou com olhar irado, antes de baixar o olhar às próprias roupas e soltar uma risada que ecoou no ambiente.
Antes que ele pudesse pensar em retaliação e desejando que Joseph visse seu biquíni, ela nadou até os degraus e saiu da piscina com movimentos deliberadamente lentos. Em seguida, olhou por sobre o ombro para ver o queixo de Joseph quase cair aos pés enquanto observava a parte de trás de seu biquíni.
Quando alcançou o topo, ela se virou para lhe proporcionar uma visão de seu perfil e o ouviu prender a respiração. Em seguida, girou mais uma vez, se encaminhando à espreguiçadeira onde deixara o robe.
– Ah, não fará isso, sua provocadora – rosnou ele.
Demi pestanejou, confusa, com a velocidade com que ele saiu da piscina. Soltou um guincho de surpresa quando ele a ergueu nos braços e voltou para a piscina.
– Suas roupas!
– Como se agora isso tivesse alguma importância! Você as arruinou.
– Sinto muito.
Joseph soltou uma risada.
– Não, não sente. – Ele se inclinou na lateral da piscina e a depositou com cuidado na água.
Em seguida, se dirigiu a ela com olhar austero. – Não se mexa.
Demi soltou uma risadinha que logo morreu em sua garganta quando o viu começar a se despir. Primeiro se livrou da camisa, revelando o peito musculoso. Em seguida, atirou os sapatos para o lado e arrancou as meias molhadas. Quando levou a mão à braguilha da calça comprida, Demi corou, mas se viu incapaz de desviar o olhar nem que disso dependesse sua vida.
O volume patente contra o tecido da cueca boxer enquanto Joseph descia a escada lhe dizia que havia conseguido o intento de deixá-lo enlouquecido de desejo. Porém, agora imaginava o que fazer quanto àquilo.
Com um mergulho preciso que quase não espalhou água, ele surgiu ao lado dela. Em seguida, a puxou contra o corpo, capturando-lhe os lábios com um beijo faminto.
– Deveria ser considerado ilegal usar um biquíni como esse – disse ele lhe explorando o pescoço com beijos eróticos.
– Não gostou? – Demi perguntou, fingindo inocência. – Posso me desfazer dele.
– Ah, gostei – murmurou ele. – E vou gostar ainda mais de arrancá-lo de seu corpo.
Demi se soltou e mergulhou, nadando para o mais longe possível. Após uma curta distância, emergiu, mas não o viu de imediato. Quando baixou o olhar era tarde demais. O corpo de contornos prefeitos se encontrava muito próximo debaixo da água e ele lhe puxou as pernas, fazendo-a imergir outra vez.
Os lábios sensuais cobriram os dela enquanto Joseph dava impulso para que os dois emergissem da água. Demi lhe envolveu o pescoço com os braços e lhe sorriu.
– Acho que terei de retirar o comentário de que você é muito sério.
– Parece que sim.
– Não me oporia à ideia de você me tirar da piscina e me levar lá para cima – declarou ela, com pretensa inocência.
Joseph se apossou da boca macia mais uma vez com um beijo quente e de tirar o fôlego. As mãos longas deslizando pelas laterais do corpo de Demi para se espalmarem nas nádegas arredondadas. Em seguida, suspendeu-a e ela enroscou as pernas nos quadris retos.
– Segure-se em mim, pedhaki mou – murmurou ele. – Eu a tirarei da piscina agora mesmo.
Joseph subiu os degraus com cuidado e saiu da piscina. Quando se aproximaram das espreguiçadeiras, ela percebeu que havia duas toalhas os aguardando. Ao que parecia,
Joseph tinha a intenção de entrar na piscina durante o tempo todo. Demi exibiu um sorriso travesso. Seu noivo não era tão sério afinal.
Depois de pousá-la em uma das espreguiçadeiras, ele esticou a mão para uma das toalhas.
Em seguida, lhe secou os cabelos, o corpo, permitindo se deter nos pontos mais sensíveis do corpo de Demi, tocando-a e a acariciando até que ela estivesse se contorcendo na cadeira.
– Quem está provocando agora? – perguntou ela ofegante.
Joseph montou sobre a espreguiçadeira e baixou o corpo até encostá-lo ao dela.
– Hummmm, você está quente.
– Está com frio? – questionou ele com voz rouca. – Estou imaginando o que posso fazer para aquecê-la.
Demi o puxou para perto, lhe envolveu o corpo com os braços, enterrou os dedos nos cabelos negros molhados e o beijou. Um som de puro contentamento lhe emergiu da garganta quando ele correspondeu ao beijo com igual ardor.
A ereção lhe comprimia o ventre, quente e rígida como o aço. Uma onda de calor varou o corpo de Demi, deixando-a corada e excitada. Desejava aquele homem. Com toda a força de seu ser.
– Leve-me para o quarto – sussurrou ela contra os lábios sensuais que lhe exploravam o pescoço e a curva do seio.
O som de uma porta se fechando os surpreendeu. Joseph deixou escapar um xingamento enquanto rolava para o lado e erguia uma toalha para cobri-la. Demi enrijeceu quando viu Taylor por sobre o ombro largo.
Logo sua surpresa se transformou em raiva. Aquela mulher invadia a casa e a privacidade dos dois, sem nem ao menos um telefonema para avisar que estava a caminho da ilha. Não ouviram sequer o ruído do helicóptero pousar. O que não era de se admirar, já que estavam ocupados com outros assuntos.
– O que está fazendo aqui? – Joseph questionou em um tom de voz frio como o gelo.
– Desculpe-me a interrupção, Sr. Jonas – começou Taylor, embora a expressão não refletisse nenhum arrependimento. O olhar vagou por Demi com um triunfo que logo ocultou quando voltou a atenção a Joseph. – Há vários assuntos que requerem sua atenção e pensei que seria melhor trazê-los pessoalmente do que relatá-los por telefone ou e-mail.
– Certamente esses meios nunca falharam no passado – retrucou Joseph com voz tensa.
– Se nos der licença, acho que é melhor me esperar no escritório.
– Sim, claro, Sr. Jonas. Mais uma vez peço-lhe desculpas pelo incômodo.
Demi estremeceu, dessa vez em virtude de um frio mais profundo. Aquela mulher tinha uma cronometragem impecável.
– Sinto muito – disse Joseph enquanto a ajudava a se erguer da espreguiçadeira. Em seguida, lhe envolveu o corpo trêmulo com a toalha e a colou à lateral do corpo. – Vou acompanhá-la até o quarto para que possa vestir algo mais quente. Isso não levará muito tempo e logo estarei de volta.
Demi anuiu, mas para ela o momento fora arruinado. O humor adorável e divertido que
Joseph demonstrava minutos atrás havia se dissipado. A paixão que eletrizava a atmosfera entre os dois agora se transformara em um cobertor frio atirado sobre eles pela leal assistente.
Joseph a guiou até o quarto e a apressou a entrar debaixo do chuveiro. Quando Demi saiu do banho, ele já havia se vestido e descido.
Com um suspiro desanimado, ela envolveu o corpo com a toalha e se sentou na beirada da cama.
A irritação havia substituído o bom humor de minutos atrás quando Joseph entrou no escritório. Dirigiu um olhar austero a Taylor, que se afastou para que ele passasse.
– Essa intrusão não me agradou – começou em tom áspero. – Não me telefonou, não avisou nem pediu permissão para vir até a ilha. – Taylor empalideceu e arregalou os olhos. – Essa é minha residência particular, e aqui você não tem o livre acesso do qual desfruta em meus ambientes de trabalho. Estamos entendidos?
– Sim, senhor – retrucou a assistente, tensa.
– E então, o que há de tão importante que não justificou ao menos um telefonema prévio? –perguntou ele.
– Descobri que outro projeto foi roubado – respondeu Taylor com voz suave.
– O quê? – Joseph  começou a praguejar e demorou um instante para se dar conta de que estava falando em grego, portanto a assistente não estaria entendendo. Espalmou as duas mãos sobre o tampo da mesa, balançando a cabeça em negativa.
– Que projeto? Conte-me tudo.
A expressão de Taylor endureceu.
– Um antigo que o senhor havia jogado fora. Era o planejamento original para o hotel do Rio de Janeiro. Mas ainda assim ela deve tê-lo vendido para Marcelli, com os outros, o hotel que ele está erguendo em Roma tem as mesmas características. Vi as provas pessoalmente dois dias atrás.
A raiva era como ácido corroendo as veias de Joseph .
– Meus irmãos já sabem disso?
Taylor negou com a cabeça.
– Achei melhor lhe contar primeiro.
Joseph anuiu e fechou os olhos enquanto se virava para olhar a praia, além da janela.
Sempre que pensava ter aceitado a traição de Demi, o passado voltava para assombrá-lo.
Por mais que quisesse esquecer, seguir em frente, colocar aquele episódio para trás, sempre o via retornar, insidioso e implacável.
Esforçou-se para se lembrar de como Demi poderia ter tido acesso aos planos para o hotel. Certamente não se protegia em casa. Por mais cuidadoso que fosse no escritório e em todos os outros aspectos de sua vida, sempre agira de maneira relaxada e despreocupada com ela, nunca pensara em resguardar seus interesses de Demi.
Como seria capaz construir uma vida ao lado de Demi se não podia confiar nela? Estaria sendo tolo em começar um relacionamento temporário, sabendo que tudo iria por água abaixo no instante em que ela recuperasse a memória? Quando tivesse de encarar seus pecados e arcar com as consequências da traição que lhe fizera?
Em meio a tudo aquilo, Joseph só conseguia se lembrar de uma coisa: a expressão de
Demi no dia em que a confrontara em seu apartamento. O choque e o horror absolutos estampados em seu rosto. Poderia alguém fingir tal reação com tanta perfeição?
Pela primeira vez, Joseph fez uma análise profunda da mulher que ela fora durante todo tempo em que estiveram juntos, antes do sequestro, e da mulher que se mostrara desde então.
Não havia nenhuma grande diferença. A única inconsistência era a traição.
– Joseph – Taylor o chamou com voz suave. Os olhos âmbar se estreitaram ao ouvir a assistente se referir a ele pelo seu primeiro nome. Nunca tolerara aquele tipo de tratamento de seus funcionários, embora não soubesse dizer por que se sentia incomodado escutá-lo de alguém que trabalhava tão intimamente ligada a ele há bastante tempo. – Não permitirá que ela faça nada de errado, certo?
Joseph girou para encará-la.
– Não. Isso não se repetirá – respondeu com a voz tensa. A raiva lhe percorrendo a espinha como uma serpente. Mas aquela raiva não se concentrava somente em Demi. Por alguma razão, irritou-o o fato de Taylor se achar no direito de preveni-lo contra a noiva.
A assistente parecia desconfortável.
– Espero apenas que ela não estrague mais uma vez seus acordos para esse novo hotel. Não outra vez. É um negócio muito importante.
– Acho que isso não é de sua conta. Demi é problema meu.
Taylor se encolheu diante do tom do patrão.
– Peço-lhe desculpas, mas essa empresa e esse emprego são muito importantes para mim. Trabalhei duro para o senhor e me empenhei muito no projeto do hotel de Paris.
Joseph permitiu que um pouco da raiva se esvaísse em um profundo suspiro. Taylor trabalhara duro e era compreensível que tivesse certa animosidade em relação a Demi mesmo que ele não estivesse disposto a tolerar isso. Mesmo que não sentisse que aquela animosidade era justificada. Tal pensamento o atingiu como uma bala de revólver, porque aquilo significava que, de algum modo, não acreditava que Demi fosse capaz de cometer um crime.
– Aprecio muito sua preocupação, porém esse não é um problema seu. Se isso era tudo que tinha a dizer, então pedirei que o helicóptero a leve até o continente.
Taylor pareceu querer protestar, mas em seguida concordou.
Trinta minutos mais tarde, Joseph a acompanhou até o heliponto e, tão logo o helicóptero decolou, ele retornou para dentro da casa.
A raiva e as dúvidas evaporaram quando entrou no quarto e encontrou Demi sentada na cama, envolta apenas por uma toalha, com expressão tristonha e distante.
Joseph se ajoelhou diante dela e lhe tocou o rosto.
– O que é, agape mou? Você está bem?
O sorriso de Demi não se refletiu no olhar. Naqueles lindos olhos azuis que faiscavam minutos atrás enquanto ela ria. Queria ver aquele brilho outra vez. Desejava ter de volta aquele momento roubado na piscina. Antes da chegada de Taylor e das notícias que poderiam mudar tudo entre os dois. Mais uma vez.
– Estou em uma situação muito desagradável – confessou ela.
A incompreensão o fez franzir a testa. A tristeza e a resignação no tom de voz de Demi não o agradavam.
– O que quer dizer com isso? – perguntou com voz suave enquanto lhe traçava o contorno da lateral do rosto com um dedo.
Demi o encarou.
– Não me agrada o modo como ela tem livre acesso às nossas vidas. Esta é a nossa casa.
Deveríamos ter a liberdade de fazer amor, nos divertir juntos sem temer sermos surpreendidos em uma situação comprometedora por uma estranha. Mas se der voz a isso, disser que não gosto dela e não a quero aqui, temo parecer mesquinha. Não há nenhuma forma de eu sair vencedora e todas de sair perdedora nesta situação. – Ela baixou o olhar por alguns instantes e voltou a erguê-lo. A emoção lhe fazendo os olhos faiscar. – Não gosto da forma como você se retrai todas as vezes que ela aparece. Essa mulher entra aqui com um pretexto profissional e, quando vai embora, você se torna distante. As últimas semanas têm sido maravilhosas, e agora ela aparece e já posso senti-lo se distanciando de mim. Não sei se posso suportar isso.
Lágrimas banharam os olhos azuis, o que o deixou sem palavras. Tudo o que Demi dizia era verdade. Não pensara em como ela se sentia. Achava que conseguia esconder as emoções conflitantes que experimentava sempre que se lembrava do fato de que ela o roubara, traíra e lhe mentira.
Joseph tomou-lhe uma das mãos, levou-a à boca e a pressionou sobre os lábios.
– Desculpe, agape mou. Sinto muito se a presença dela a tem incomodado e eu não percebi. Isso não se repetirá. Já informei Taylor de que, sob nenhuma condição, deve aparecer aqui sem dar ao menos um telefonema.
– Eu poderia suportar a presença dela. Não vou mentir e dizer que simpatizo com essa mulher, mas poderia tolerá-la. O que não posso suportar é o modo como você se retrai todas as vezes que sua assistente aparece. Sem nenhuma lembrança para me fortalecer a autoconfiança, não tenho nada que me diga: Demi, você está sendo ridícula. Claro que há algo se passando entre você e Taylor.
A surpresa quase fez o queixo de Joseph despencar.
– Acha que estou tendo um caso com ela? – perguntou não conseguindo evitar o arrepio de repugnância que lhe percorreu a espinha.
Demi negou com a cabeça enfática.
– Oh, transformei isso em um caos. Estou apenas tentando dizer que, para mim, tudo isso é novo. Nosso relacionamento é novo. Não consigo me lembrar do tempo que vivemos juntos, portanto, para todos os efeitos, estamos construindo um novo relacionamento. Recomeçando.
Não posso evitar a insegurança quando vejo que ela está tentando minar nosso convívio.
Joseph a envolveu nos braços, sem ideia do que responder. Não podia negar que provavelmente Taylor queria afastá-lo dela. A assistente sabia que Demi havia roubado a empresa, à qual era devotada e para a qual passara longas horas preparando o acordo que havia desaparecido com os projetos para o hotel de Paris. E agora, ele ficara sabendo que mais um dos projetos da Jonas seria apresentado sob a assinatura de Marcelli. Não importava que fosse um que ele havia descartado. Demi não poderia saber disso na ocasião. 
Que situação absurda! Mas o que mais o surpreendia era a raiva que as palavras de Taylor lhe suscitaram. Sua primeira reação fora defender Demi e repreender a assistente por acusá-la.
Mas como poderia fazer isso se Taylor estava coberta de razão?
Tudo o que sabia era que não queria magoar Demi. Por mais estúpido que aquilo parecesse, dado o estrago que ela causara, queria afastar a tristeza daqueles olhos azuis.
Embora não pudesse fazer nada para apagar o passado, podia se certificar de que Taylor não fosse uma fonte de discórdia entre os dois. Iria satisfazer a vontade de Demi naquele aspecto, porque refletia a dele. Não queria que nada se interpusesse entre os dois naquela ilha.
Taylor não voltaria àquela casa.


Toda vez que essa Taylor aparece, acaba com a alegria da Demi
(olha esse sorriso dele *-*)

cara eu sei que voces querem me matar por postar esses gifs, mas amo essa serie, sorry
bjemi